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“A cara do freio da blazer” : o retrato do encarceramento em massa da população negra no Brasil

"A cara do freio da Blazer" é da mesma cor que corresponde a 66,7% da população carcerária no Brasil, e é a mesma que predomina nos dados estatísticos de prisões injustas. 





   (Foto reprodução: Alma Preta Jornalismo)

Prisões injustas no Brasil: Estatísticas do "reconhecimento" fotográfico

71% dos “reconhecimentos” errados incriminam a população negra e pobre.

A maioria das prisões injustas se dá na fase de reconhecimento da pessoa suspeita. Sendo que em 83% dos casos, o “reconhecimento” é feito por meio de fotografias. O mais comum é a vítima descrever a pessoa suspeita como "negra ou morena, cabelo crespo ou cacheado e com tatuagem".

Até que se prove o contrário, a prisão preventiva já foi decretada e aí começa o sofrimento, a injustiça abala não somente o financeiro. Já que a maioria é pobre, a família vai tirar dinheiro de onde? Se não tem dinheiro, continua preso e o psicológico segue ainda mais abalado, tanto o da pessoa injustiçada quanto o da família.


Encarceramento: as estatísticas sendo alimentadas no cotidiano da população negra

Ângelo Gustavo Pereira Nobre, de 30 anos, preso acusado de roubo no Rio de Janeiro. Sendo "reconhecido" pela vítima através de uma foto no Facebook, Ângelo ficou preso por 1 ano. Em todo o processo, a defesa do jovem alegava e tinha provas de que ele estava numa missa de sétimo dia de um amigo que faleceu, além de Ângelo estar meio debilitado na época por ter feito uma cirurgia. A liberdade só chegou após esses 365 dias privados.

Barbara Querino de Oliveira (Babiy), 20 anos, presa acusada de roubo em São Paulo. “Reconhecida” inicialmente pelo casal de vítimas através de uma foto mostrada no celular devido ao formato do seu cabelo, Babiy foi mantida presa por 1 ano e 8 meses. Ao longo do processo foram apresentadas provas que constatavam que no dia do crime, a mesma estava na cidade de Guarujá com amigos. A injustiça gerou a corrente “Todos por Babiy”, e a sua liberdade chegou somente após 608 dias de cárcere.


Mas e a luta pela política de desencarceramento no Brasil?

Conforme dados apresentados no Anuário de Segurança Pública de 2020, do ano de 2005 para o ano de 2019, houve um crescimento 377,7% da população negra nos presídios do Brasil, enquanto o da população branca foi de 239,5%. Então, o que a realidade mostra é que se há uma política de encarceramento no Brasil, essa política chega cada vez mais somente para pessoas negras, enquanto a tão problematizada política de desencarceramento chega todos os dias para a população branca.